terça-feira, 30 de novembro de 2010

Saciar a minha sede... Milhões de vezes

Tentação vi@ O Citador

"Eu não resistirei à tentação,
não quero que de mim possas perder-te,
que só na fonte fria da razão
renasça a minha sede de beber-te.
Eu não resistirei à tentação
de quanto adivinhei nesta amargura:
um sim que só assalta quem diz não,
um corpo que entrevi na selva escura.
Resistirei a te chamar paixão,
a te perder nos versos, nas palavras:
mas não resistirei à tentação
de te dizer que o céu é o que rasa
a luz que nos teus olhos eu perdi
e que na terra toda não mais vi."
Luis Filipe Castro Mendes, in "Os Amantes Obscuros"

segunda-feira, 29 de novembro de 2010



“não sinto nada mais ou menos, ou eu gosto ou não gosto. não sei sentir em doses homeopáticas. preciso e gosto de intensidade, mesmo que ela seja ilusória e se não for assim, prefiro que não seja. não me apetece viver histórias medíocres, paixões não correspondidas e pessoas água com açúcar. não sei brincar e ser café com leite. só quero na minha vida gente que transpire adrenalina de alguma forma, que tenha coragem suficiente pra me dizer o que sente antes, durante e depois ou que invente boas estórias caso não possa vivê-las. porque eu acho sempre muitas coisas — porque tenho uma mente fértil e delirante — e porque posso achar errado — e ter que me desculpar — e detesto pedir desculpas embora o faça sem dificuldade se me provarem que eu estraguei tudo achando o que não devia. quero grandes histórias e estórias; quero o amor e o ódio; quero o mais, o demais ou o nada. não me importa o que é de verdade ou o que é mentira, mas tem que me convencer, extrair o máximo do meu prazer e me fazer crêr que é para sempre quando eu digo convicto que “nada é para sempre”.


(gabriel garcia marquez)

domingo, 28 de novembro de 2010

Se tu viesses ver-me... Florbela


Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Florbela Espanca, in "Charneca em Flor

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Minhas Deusas - Inspiram e fortalecem



PERSÉFONE - Deusa das profundezas


Na mitologia, a jovem Core, filha da deusa Demétria, é raptada por Hades, deus dos infernos. Imersa na escuridão, come três grãos de romã, o símbolo da imortalidade. Rompendo o jejum, se vincula ao mundo subterrâneo. Sua mãe, inconformada com a falta da filha, negocia a libertação e consegue que ela viva seis meses na superfície e seis meses na profundeza. E Core renasce como Perséfone. Em harmonia, a Perséfone moderna segue a intuição. Não se deixa enganar pelas aparências e atribui significados espirituais a tudo. Reza por si mesma e pelo equilíbrio do planeta. Em desarmonia, se enche de medos e vê presságios ruins ao redor. Foge da vida, achando tudo fútil.
Na mitologia grega depois também ficou conhecida como a rainha do mundo infernal, ela ficava vigiando as almas e sabia os segredos das trevas.
A deusa da agricultura sempre se preocupava apenas em colher flores, mas foi crescendo e com isso sua beleza foi encantando a todos.
Uma Romã, o fruto do casamento. Como a deusa tinha comido os grãos, não podia deixar mais seu marido, foi então que Perséfone passava um período com sua mãe e outro com seu marido, e se torna a sombria Proserpina. Deste momento em diante, a cada vez que ela estava com seu marido virava inverno na terra, e quando estava no Olimpo com sua mãe se tornava novamente uma adolescente e chegava a primavera, o verde da natureza fazia brotar muitas flores e frutos. E mesmo sendo uma relação muito complicada, vive com muito amor com seu marido Hades.
Em sua fragilidade, percebe-se o anseio por afeição e intimidade profunda. Esta mulher é envolta por uma aura de mistérios. O seu mundo é paranormal, mas ela se sente atraída pelos ensinamentos da metafísica mais do que pelas ciências naturais convencionais. Tão poderosa é a autoridade do materialismo científico de nossa sociedade que esta mulher é considerada excêntrica .






ÁRTEMIS - Deusa da liberdade e da natureza


Na mitologia grega, ela é a mais liberta das filhas de Zeus. Passava seu tempo perambulando pelas florestas. Hábil arqueira, era parceira de seu irmão Apolo em inúmeras caçadas. A mulher moderna em sintonia com essa deusa é livre, independente e aventureira. Sua principal característica é a constante solidão - fonte de prazer e tristeza ao mesmo tempo. Em harmonia, os aspectos despertados por Ártemis levam você a manter o corpo saudável por meio de exercícios e alimentação natural. Se tiver filhos, cultiva neles o senso de liberdade. Seu projeto de vida costuma ser morar no campo e ter uma pequena horta de subsistência. Em desarmonia, pode se tornar anti-social e se isolar demais, não permitindo que os homens se aproximem.
Ártemis conhecida pelos romanos como Diana, era a Deusa da caça e da Lua, como Deusa da Lua ela é conhecida com portadora da luz, como deusa da caça, das crias e dos animais não domesticados.Enquanto deusa da caça e da lua Ártemis era a personificação do espirito feminino independente.O arquétipo que ela representa possibilita a uma mulher procurar seus próprios objetivos num terreno de sua própria escolha.Como deusa virgem Ártemis era imune a apaixonar-se, não foi raptada nem violentada como Perséfone e Deméter e nunca foi metade de um par marido e mulher.Como arquétipo da deusa virgem, Ártemis representa um sentido de integridade, uma em si mesma, ou seja, uma atitude "sei cuidar de mim mesma" que permite a mulher agir por conta própria.A mulher Ártemis é prática, atlética, aventureira. Aprecia a cultura física, a solidão, a vida ao ar livre e os animais. Dedica-se à proteção do meio ambiente, aos estilos de vida alternativos e às comunidades de mulheres.Artemis não se destaca muito no mundo moderno. A cidade não é "sua praia". Quando ela é encontrada no meio urbano, ela é tímida, reservada.
A chaga de Artemis envolve a solidão a que é relegada. Seu amor à liberdade a tornam difícil de ser aceita como mãe, esposa ou profissional, estilos que pertencem a Deméter, a Hera e Atena. Na verdade ela tem repúdio por valores e formas adotadas pela sociedade convencional.A mulher-Artemis tende a escolher ser totalmente reclusa e muito solitária.
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domingo, 14 de novembro de 2010

Sigo o meu destino

Segue o teu destino

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Fernando Pessoa /Ricardo Reis, 1-7-1916

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Depois de uma decepção, ainda quero voar...



Ainda quero voar...



"Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de sentir. Que eu continue alerta.
Que, se necessário, eu possa ter novamente o impulso do vôo no momento exato."

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sei e sinto... Amo sem razão de amar.

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 6 de novembro de 2010

Vôo de Primavera

O tardio despertar do que imaginou ser sua “Nova Primavera”,
Chegou incontrolável com um impulso desatinado.
O que se pensava um ato desesperado pela busca da liberdade,
Nada mais era que um premeditado vôo de descobertas.
Organizado como crime perfeito, trouxe satisfação
Até mesmo na pouca compreensão dos protagonistas.
No contar das horas foi só coração, transbordando ansiedade e alegria.
Independente do tempo que durasse ou espaço que viesse ocupar.
Mesmo com suspeitas da sua insignificante condição tão instável e quase inconveniente,
inevitável seria não esperar a desilusão das não manifestas surpresas,
No íntimo.. tão desejadas...
Não houve noite, tudo foi espera do momento ao próximo dia.
No próximo, no próximo... Todos os dias...
Sem chão, sem asas, sem despedidas, sem sonhos, sem volta.